Este é o dia em que os
portugueses celebram a liberdade mas também o dia onde muitos lembram a
realidade de uma doença que mata - Dia Internacional da Malária. Como
vocês, eu muitas vezes ouvi falar nesta e outras doenças tropicais, mas viver a
realidade é muito diferente, e na primeira pessoa vos conto:
Aproximadamente das 4h da manhã
acordei com um alerta vermelho… intestinal:). Mas todos os mecanismos de
resposta foram ativados, pois como já sabia que isto mais tarde ou mais cedo
faria parte do pacote de viagem, nada de pânico.
Duas
horas depois, despertava para a minha rotina diária.
No mata-bicho (pequeno-almoço) por não me
sentir bem, ficou decido que ficaria em casa, por isso retornei ao leito,
despertei novamente às 8.30, por sentir que o gerador se tinha desligado e por
me estar a sentir pior e quente.
Preparem-se pois aqui começa o circo!!! Cá, nada funciona sem gerador, ou seja sem
gerador não há luz, logo não há ar condicionado, assim como não há água. Enquanto todos estes recursos essenciais não existiam … o que começou a abundar
foi a febre, nem foi preciso o termómetro para perceber que eu estava a arder, comecei a sentir as
pernas a levitar!
Assim, eu, que me chamo aventureira e digo ser este
um dos meus sonhos, fiquei apenas acompanhada pela minha cabeça a ferver de febre. A minha mente tornou-se num palco e eu só
pensava nos milhares de doenças que abundam neste país. Sem água, sem luz e sem ar condicionado comecei a pensar e perceber o quão
débeis somos, começei ao pensar nos milhares
de crianças e adultos que sofrem neste calor infernal de febres altíssimas, e que vivem aterrorizados pela morte, por não terem recursos de a combater, chorei!
Só eu sei o quanto supliquei ao meu Deus por saúde.
Com um pouco de senso comum molhei uma toalha na
água engarrafada e fui tentando combater a febre. Foi uma longa manhã, que só
terminou quando depois de identificados os sintomas, a abençoada da minha
colega veio para casa, me deu um banho com baldes de água fria e me obrigou a
comer o pãozinho e, claro está, da praxe uma coca-cola : ) Isto com mais uns
comprimidos fez de mim uma mulher nova! Aqui tudo é fulminante, tão rápido vem,
como vai, e por isso rapidamente voltei a rotina.
Não sei o que seria de nós sem comprimidos, sem
água, sem luz e afins, queria tanto que vocês pudessem sentir gratidão pelas
coisas que temos. Ouvimos tantas
vezes que está difícil e acredito que muitos, nos países desenvolvidos mas em
crise, não tem todas as coisas básicas, mas se tu hoje podes desligar o
computador, a luz que não falta e deitar-te numa cama confortável de barriga
cheia, e a confiança de que cuidarão de ti quando estiveres doente, então
agradece e sorri, pelo menos hoje.
beijinhos já
com algumas saudade
(atenção eu tenho todos os cuidados necessários não ‘paniquem’… mas pensem
nisto)