25 de Abril, 1º febre

                Este é o dia em que os portugueses celebram a liberdade mas também o dia onde muitos lembram a realidade de uma doença que mata - Dia Internacional da Malária. Como vocês, eu muitas vezes ouvi falar nesta e outras doenças tropicais, mas viver a realidade é muito diferente, e na primeira pessoa vos conto:
                Aproximadamente das 4h da manhã acordei com um alerta vermelho… intestinal:). Mas todos os mecanismos de resposta foram ativados, pois como já sabia que isto mais tarde ou mais cedo faria parte do pacote de viagem, nada de pânico.
                Duas horas depois, despertava para a minha rotina diária.
 No mata-bicho (pequeno-almoço) por não me sentir bem, ficou decido que ficaria em casa, por isso retornei ao leito, despertei novamente às 8.30, por sentir que o gerador se tinha desligado e por me estar a sentir pior e quente.
Preparem-se pois aqui começa o circo!!!  Cá, nada funciona sem gerador, ou seja sem gerador não há luz, logo não há ar condicionado, assim como não há água. Enquanto todos estes recursos essenciais não existiam … o que começou a abundar foi a febre, nem foi preciso o termómetro para perceber que eu estava a arder, comecei a sentir as pernas a levitar!
Assim, eu, que me chamo aventureira e digo ser este um dos meus sonhos, fiquei apenas acompanhada pela minha cabeça a ferver de febre. A minha mente tornou-se num palco e eu só pensava nos milhares de doenças que abundam neste país. Sem água, sem luz e sem ar condicionado comecei a pensar e perceber o quão débeis somos, começei ao pensar nos milhares de crianças e adultos que sofrem neste calor infernal de febres altíssimas, e que vivem aterrorizados pela morte, por não terem recursos de a combater, chorei! Só eu sei o quanto supliquei ao meu Deus por saúde.
Com um pouco de senso comum molhei uma toalha na água engarrafada e fui tentando combater a febre. Foi uma longa manhã, que só terminou quando depois de identificados os sintomas, a abençoada da minha colega veio para casa, me deu um banho com baldes de água fria e me obrigou a comer o pãozinho e, claro está, da praxe uma coca-cola : ) Isto com mais uns comprimidos fez de mim uma mulher nova! Aqui tudo é fulminante, tão rápido vem, como vai, e por isso rapidamente voltei a rotina.
Não sei o que seria de nós sem comprimidos, sem água, sem luz e afins, queria tanto que vocês pudessem sentir gratidão pelas coisas que temos. Ouvimos tantas vezes que está difícil e acredito que muitos, nos países desenvolvidos mas em crise, não tem todas as coisas básicas, mas se tu hoje podes desligar o computador, a luz que não falta e deitar-te numa cama confortável de barriga cheia, e a confiança de que cuidarão de ti quando estiveres doente, então agradece e sorri, pelo menos hoje.
beijinhos  já com algumas saudade

(atenção eu tenho todos os cuidados necessários não ‘paniquem’… mas pensem nisto) 

1 comentário:

  1. Querida Felicia, ainda bem que te sentes melhor, já chegou para susto. Realmente nos dias de hoje temos todo como garantido. Sabes eu sou realmente grata pelas pequenas coisas, elas fazem toda a diferença na nossa vida. Sempre ensinei ás tuas primas que para termos a qualidade de vida que temos muitas vezes é a custa destes paises pobres que continuarão pobres para que outros possam enriquecer. Tenho gostado de receber as tuas noticias. Pelo menos ao fim do dia passarei por aqui para saber as novidades.
    Beijos tia Isabel

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